Riqueza taxonômica da assembléia de peixes na área de proteção ambiental da Baixada Maranhense

Abstract

A região da Baixada Maranhense se destaca por uma grande riqueza e diversidade da ictiofauna e um grande sistema de áreas inundáveis. Devido à ausência de informações para a região, este trabalho apresenta pela primeira vez aspectos ecológicos relacionados à riqueza e à diversidade, bem como informações sobre a estrutura trófica e parâmetros da relação pesocomprimento da ictiofauna nos lagos de Viana e Cajari, inseridos na Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense. Os espécimes foram coletados no período de agosto/2014 a julho/2015 através de redes de espera do tipo malhadeira, com malhas variando de 5 a 10 cm entre nós, nos lagos de Viana e Cajari. Após a coleta os exemplares foram levados ao Laboratório de Pesca e Ecologia Aquática (LabPEA) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde foram identificados através da literatura e de especialistas, foram mensurados o comprimento padrão (cm) e o peso (g). Em seguida foi calculada a frequência de ocorrência, a abundância relativa, os índices de diversidade e, para as espécies mais frequentes, a relação peso-comprimento, posteriormente as espécies foram classificadas quanto à guilda trófica. Em um ano de coleta foram capturados 2372 indivíduos. O lago Cajari contribuiu com 1069 peixes distribuídos em seis ordens, 21 famílias e 37 espécies, já o lago de Viana contabilizou 1303 exemplares distribuídos em oito ordens, 23 famílias e 41 espécies. As espécies mais frequentes para o lago Cajari foram Plagioscion squamosissimus e Hassar affinis, para o lago de Viana foram Pygocentrus nattereri e Cetengraulis edentulus com 100% de frequência nas coletas. Com relação à curva ABC, ambos os lagos apresentaram padrões semelhantes. Para os índices de diversidade foi observada maior resposta à diminuição da riqueza no decorrer dos meses para o índice Alpha de Fisher para ambos os lagos, a uniformidade manteve-se próxima a um para os dois lagos, indicando distribuição homogênea do número de indivíduos entre as espécies. As espécies dos lagos foram classificadas em sete guildas tróficas. No lago Cajari as guildas que se destacaram com relação à abundância foram “onívoro” com 40% de indivíduos, seguido de “piscívoro” com 22%, “detritívoro” com 18% e “planctófago” 8%. O lago de Viana apresentou certa uniformidade em três guildas tróficas, “piscívoro” (28%), “onívoro” (24%) e “planctófago” com 21%. Não foram observadas diferenças entre as abundâncias das guildas em relação aos períodos de chuva e estiagem. Entretanto, os dados indicam alguma variação espacial com as guildas “onívoro” e “detritívoro” mais abundantes no lago Cajari enquanto que “piscívoro” e “planctófago” foram mais comuns no lago de Viana. Para a relação peso-comprimento foram utilizadas 26 espécies, com n igual a 2084. Dentre elas cerca de 85% das espécies apresentaram b inserido no intervalo de 2,5 e 3,5. Os lagos apresentaram 14 espécies com crescimento alométrico negativo e correlação menor que 0,95 entre as variáveis. Assim, os dados indicam que apesar de ecologicamente similares e espacialmente próximos, os lagos Cajari e Viana apresentam diferenças na estrutura trófica como efeito de diferenças na composição das espécies, provavelmente associadas às características físicas de cada lago