Trilhas da história e da cultura dos Tabajara e Tapuio de Nazaré: ressignificando saberes escolares na comunidade indígena

Abstract

Embora o mito da extinção total dos indígenas do Piauí tenha sido propagado até mesmo pela própria historiografia piauiense, muitos povos vêm rompendo o silêncio e passando a expressar e reivindicar suas identidades, a exemplo dos Tabajara e Tapuio de Nazaré, que vivem na zona rural do município de Lagoa de São Francisco – PI. Tendo em vista o silenciamento histórico e cultural vivido por estes povos, o conhecimento sobre sua história e cultura fez emergir nos mesmos à necessidade de reconhecimento como sujeitos históricos, organizando-se em um processo de autoafirmação por meio da reivindicação de suas identidades indígenas. Devido ao recente processo de etnogênese consolidado no ano de 2015, entendemos que os indígenas de Nazaré necessitam buscar caminhos para fortalecer suas histórias e suas culturas. Assim, a escola que atende a comunidade, surge como um possível locus de resistência histórico-cultural, demandando à necessidade de um processo de reparação histórica, já que a imagem atribuída a estes povos que outrora adentrava as escolas desse país tinha uma forte marca do viés colonialista, havendo muitos resquícios ainda hoje. Desse modo, a presente pesquisa busca analisar a constituição da história e da cultura dos povos Tabajara e Tapuio de Nazaré como possibilidade de ressignificação dos saberes escolares da Escola Municipal Professor José Raimundo Pereira, instituição que atende a comunidade. A realização deste estudo norteia-se por meio de uma pesquisa de campo, sendo esta de cunho descritivo e concepção qualitativa. Além disso, se fez necessária a análise de obras e de estudos recentes sobre a temática, abrangendo ainda os aspectos legais que contemplam questões relacionadas ao ensino de história e cultura indígena. Paralelo a esta pesquisa foi desenvolvido um produto educacional intitulado “O ressoar das vozes que romperam o silêncio: aspectos históricos e culturais dos povos indígenas Tabajara e Tapuio de Nazaré”, sendo este um livro paradidático que busca contemplar os aspectos históricos, geográficos, artístico e cultural, bem como os rituais dos povos Tabajara e Tapuio, estando estas temáticas distribuídas ao longo dos cinco capítulos da referida produção. Entende-se que atualmente há uma legislação consolidada que garante que a história e a cultura indígena adentrem as escolas, compreendendo-se também as possibilidades de adequação do currículo como sendo uma referência, um direcionamento para as instituições no que diz respeito a temática. Por fim, a ressignificação de saberes escolares pressupõe que a escola contemple de um modo mais efetivo o contexto em que a mesma está inserida, constituindo-se desse modo como um possível espaço de efetivação dos direitos conquistados e de materialização daquilo que está proposto no currículo