Pentecostalismo e racismo religioso: Oralidade a partir da Assembleia de Deus no Bairro da Liberdade (1984-2020) como proposta de Manual Pedagógico para o ensino de História

Abstract

O presente trabalho tem como objeto de pesquisa a análise do cenário da religião pentecostal a partir das experiências da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Bairro da Liberdade na cidade de São Luís, estado do Maranhão, que integra uma região de Quilombo Urbano que consiste, segundo Arruti (2014) em um agrupamento cuja estrutura social e fronteiras étnicas seriam delimitadas em função de suas práticas sociais, culturais e religiosas a partir de um processo de resistência negra. Nesse sentido, a metodologia adotada foi a História Oral, com realização de entrevistas com os líderes de departamentos da igreja, no intuito de compreender quais as concepções sobre o Território Quilombola da Liberdade que estão presentes na liderança desta instituição religiosa e que irradia influência sobre a membresía e a própria lógica de funcionamento do seu entorno. O Território Quilombola Urbano da Liberdade foi a região escolhida para este estudo pela efervescência de sua cultura e tradições religiosas de matriz africana e por compor um dos maiores quilombos urbanos do Brasil. Desse modo, o pentecostalismo como uma religião que se caracteriza como proselitista tipifica um projeto de poder na realidade do Território, marcado por uma forte presença negra e de sujeitos subalternizados em condição de periferia e exclusão social, e que a partir dos discursos religiosos que buscam converter e impor um tipo de cultura e comportamento, sofrem um processo de apagamento da sua história e ancestralidades. Desse modo, desenvolveu-se um caderno pedagógico; reunindo as narrativas dos líderes de departamento da igreja pesquisada como fonte para discutir o processo de racismo religioso ali vivido e formular roteiros de aula voltadas para o 3° ano do Ensino Médio