Estudo da cadeia produtiva e avaliação higiênico-sanitária das principais espécies de peixes nativos da baixada Maranhense, Brasil

Abstract

A microrregião da Baixada Maranhense é considerada o maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste, onde predominam terras planas, baixas e inundáveis, vegetação de manguezais, campos aluviais e flúvio-marinhos favorece uma elevada biodiversidade, sobretudo de peixes. Sendo assim, o estudo objetivou estudar a cadeia produtiva e a qualidade higiênicossanitária das principais espécies de peixes nativos na microrregião da Baixada Maranhense a fim de subsidiar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável local. Dentre os municípios da Baixada Maranhense, os selecionados para estudo e amostragem foram: Pinheiro, São Bento, São João Batista, São Vicente Ferrer e Palmeirândia por serem detentores de uma grande área lacustre com vegetação exuberante que dá sustentação à pesca intensamente praticada nessas localidades. As informações relativas à caracterização da pesca lacustre na região foram obtidas a partir da aplicação de 135 questionários. Para análises microbiológicas foram colhidas 50 amostras de água dos campos e lagos e 120 de peixes nativos distribuídos igualmente entre os municípios e o período chuvoso (janeiro a junho) e seco (julho a dezembro) do ano de 2012. As amostras de peixes analisadas incluíram 40 de traíra (Hoplias cf malabaricus Bloch, 1794), 40 de bagrinho (Trachelyopterus galeatus Linnaeus, 1766) 40 de Curimatá (Prochilodus lacustris Steindachner, 1907) oriundas de feiras e pontos de despesca de cada localidade. Após a colheita, foram procedidas ao preparo das amostras de água para às análises do Número Mais Provável (NMP) de Coliformes totais e Escherichia coli; e, para amostras de peixes, Número Mais Provável (NMP) de Coliformes totais e termotolerantes, contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas, contagem de Staphylococcus coagulase positivo e presença/ausência de Aeromonas sp. Os resultados foram comparados com os padrões oficiais. Verificou-se que a pesca constitui-se numa opção vida, que gera alimento, renda e emprego para as comunidades envolvidas. A atividade pesqueira artesanal não pode ser vista apenas sob a ótica econômica. Sobressai-se como arte e cultura, fazendo parte de um modo de vida, que deve ser preservado. As técnicas, apetrechos e organização da pesca artesanal local contribuem para redução dos ganhos com a atividade, além de implicar em queda na produção de biomassa de peixes nativos. As águas dos campos e lagos dos municípios da Baixada Maranhense apresentaram contagens de E. coli em desacordo com a legislação vigente. O peixe pode representar risco de veicular doença de origem alimentar para os consumidores devido à presença de micro-organismos como Aeromonas sp. e Staphylococcus sp..