Ocorrência de carrapato do complexo amblyomma maculatum (acari:ixodidae) e sua relação com rickettsia na baixada maranhense, Maranhão, Brasil

Abstract

Em 2013 foi registrada pela primeira vez, no estado do Maranhão, a ocorrência carrapatos pertencentes ao complexo Amblyomma maculatum, na mesorregião da Baixada Maranhense. Até então, o ciclo de vida destes ectoparasitas na região, assim como os hospedeiros relacionados, permanecia desconhecido. Todas as fases de vida desta espécie dete carrapato podem transmitir bactérias do gênero Rickettsia, inclusive aquelas pertencentes ao grupo da febre maculosa, uma das mais importantes doenças transmitidas por carrapatos que tem como vetor principal carrapatos do gênero Amblyomma. Objetivou-se relatar a ocorrência dos estágios de vida do carrapato Amblyomma maculatum sensu lato na Baixada Maranhense, seus hospedeiros e sua relação com Rickettsia. De outubro de 2017 a setembro de 2018 foram realizadas cinco campanhas no município de Bacurituba, Maranhão, localizado na Baixada Maranhense, com intervalo de três meses entre elas. Através de armadilhas e contenção manual, amostras de sangue e carrapatos foram coletadas de pequenos mamíferos silvestres não voadores e mamíferos domésticos, aves também foram capturadas e inspecionadas para pesquisa de infestação por carrapatos. As amostras de soro foram testadas para as seguintes espécies de Rickettsia: Rickettisia rickettsii cepa Taiaçu, Rickettisa parkeri cepa At24, Rickettsia amblyommatis cepa Ac37, Rickettisa rhipicephali cepa HJ5 e Rickettsia bellii cepa Mogi, pela técnica de imunofluorescência indireta (RIFI). Arrastes de flanelas foram realizados em todas as campanhas. Cães, equinos, suínos e bovinos estavam parasitados por formas adultas de A. maculatum s. l. Aves da espécie Ammodramus humeralis apresentaram parasitismo por formas imaturas de A. maculatum s. l. Formas adultas e imaturas de A. maculatum s. l. foram coletados por meio de arrastes durante quatro das cinco campanhas. Testes moleculares para detecção de Rickettsia em espécimes A. maculatum s. l. foram negativos. Cães, equinos, suínos e um roedor do gênero Rattus sororeagiram (título ≥ 64) para pelo menos uma espécie de Rickettsia, com títulos que variaram de 64 a ≥ 4096. As amostras de búfalos e bovinos foram negativas. Esta pesquisa registra pela primeira vez a ocorrência de estágios adultos do carrapato A. maculatum s. l. em cães, suínos e bovinos, e formas imaturas em aves, aumentando assim o leque de hospedeiros deste carrapato na região, onde antes só havia relato de parasitismo em equinos