Luiz Gonzaga e a construção do imaginário popular do sertão

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo investigar a relação entre o imaginário popular e o sertão cantado por Luiz Gonzaga. Trata-se de um estudo temático das canções do Rei do baião que retratam o espaço social sertanejo buscando compreender em que medida o artista contribui para a reconstrução desse local. Para uma melhor compreensão a pesquisa traz uma análise do sertão nordestino para além dos limites geográficos, seguido de um breve recorte da biografia do artista dando ênfase as influências sofridas por Gonzaga na construção das letras de temática sertaneja. Por fim, analisam-se as canções a partir do tema proposto. Dessa maneira, serão consideradas as letras de 18 canções com similaridades temáticas tais como Paraíba (1946); No meu pé de serra (1946); Asa branca (1947); Légua tirana (1949); A volta da asa branca (1950); Assum Preto (1950); Estrada do Canindé (1951); Pau de arara (1952); Vozes da seca (1953); Algodão (1953); Riacho do navio (1955); Aboio apaixonado (1956); Gibão de couro (1957); A vida do viajante (1963); A morte do vaqueiro (1963); Xote dos cabeludos (1967); Sequei os olhos (1983) e Cidadão sertanejo (1983); uma vez que a tessitura textual dessas composições alimentam o imaginário popular sobre o sertão. Essa pesquisa, de base qualitativa e bibliográfica, procura inicialmente, propor uma reflexão de caráter introdutório sobre a relação entre espaço e memória a partir dos estudos de Eric Dardel (2015) e Halbwachs (2006). No que tange às investigações sobre vida e obra do artista, o estudo se baseia em Dominique Dreyfus (2012). Por fim, para entender o caráter social das canções, a pesquisa fundamenta-se em Antônio Cândido (2006), com importantes contribuições de Durval Muniz de Albuquerque Júnior (2011/2012) no que concerne ao estudo do sertão. Nesse sentido, serão abordados elementos sociais, tais como tradições, costumes, religião, terra, linguagem, vestimenta, tipos humanos e valores que compõem o universo do sertão nordestino. Espera-se, assim, demonstrar o entrecruzamento entre a produção artística de Luiz Gonzaga e o imaginário popular acerca do sertão