Cidade como produção da vida e locus educador para uma nova cidadania

Abstract

Objetiva caracterizar a cidade como produção de vida e locus educador para uma nova cidadania, rememorando o espaço urbano como habitat do homem sociohistórico, como contexto e texto de suas necessidades e provisões e algumas marcas das múltiplas aprendizagens que construíram das tribos às cidades, que a fazem simultaneamente espaço educador e demandante de hábitos de sociabilidade, destrezas ocupacionais e cidadãs, tornando-a valiosa tecnologia humana de múltiplas aprendizagens. Apoia-se em Lefebvre tomando-se o urbano como espaço privilegiado de exercício participativo da ação cidadã transformadora e produtora de novas relações entre os seres humanos e destes com a natureza, dado que, enquanto produção humana, porta a utopia da superação do existente. Isso remete à apropriação de seus espaços educadores para potencializá-los como órteses e próteses educativas. Constitui estudo qualitativo que utiliza o suporte metodológico do paradigma emergente, identificando, na cidade de São Luís-MA, com técnicas da pesquisa-ação, pesquisa bibliográfica e documental, com instrumentos de observação, questionários e entrevistas semi-estruturadas, algumas trilhas que indiquem a gestação de percursos que lhe potencializem tornar-se Locus Educador para uma nova cidadania. Escolheu como ângulo de estudo a política municipal de proteção social, tomando como base alguns projetos que potencialmente possam funcionar como tecnologia educativa, desenvolvidos em dois territórios de vulnerabilidade/ proteção social: o do Itaqui-Bacanga e o do Sol e Mar. Além da observação-ação, foram aplicados questionários com 50 sujeitos participantes de um dos projetos e realizadas entrevistas com 4 técnicos, 1 gestora, 1 legislador e 8 pessoas da comunidade. Foram identificadas algumas tecnologias educativas no bojo desses projetos sociais, configurando cenários com múltiplos processos, ritos e mitos, como produção de vida em um espaço urbano, evidenciando trilhas que possibilitam São Luís empreender processo de apropriação e utilização de tecnologias de locus educador. Evidencia, no cotidiano, múltiplas inter-relações da cultura com os diversos atores que por ela transitam e as possibilidades de apropriar a cidade como tecnologia educadora estratégica, como Cidade Educadora, desafiando decisões políticas que resultem na apropriação de espaços de aprendizagem social em territórios não escolares, tendo-os como polos de uma complexidade maior, na qual os espaços de aprendizagem permeiam fortemente a urbes em seus movimentos comunitários de participação, em seus espaços de produção e de lazer e reconfiguram o território urbano esculpindo-lhe a vocação de Locus Educador para uma nova cidadania.