Biologia reprodutiva e dosagem hormonal de jurará (Kinosternon scorpioides – Linnaeus-1766): estudo em ambiente natural no município de São Bento – Baixada maranhense

Abstract

No Estado do Maranhão, na região da Baixada Maranhense, é encontrado na fauna silvestre o réptil Kinosternon scorpioides, um quelônio de água doce popularmente conhecido como jurará. Possui valor social, econômico e ambiental para os ribeirinhos da cidade São Bento. Este estudo contempla suas características biológicas reprodutivas baseadas em seu ambiente natural, com o intuito de permitir sua preservação e o estabelecimento de planos de manejo reprodutivo e de uso sustentável da espécie. Possui como objetivo caracterizar morfologicamente os órgãos reprodutivos e verificar os níveis hormonais de machos de jurará provenientes de ambiente natural em duas estações do ano a chuvosa e a seca, de forma que se possa averiguar a existência da sazonalidade reprodutiva. Vinte animais adultos tiveram seus órgãos reprodutivos caracterizados ultraestruralmente pelas microscopias de luz, eletrônica de varredura e de transmissão; e taxas de testosterona dosadas pela técnica de radioimunoensaio. Morfologicamente os testículos são revestidos pela túnica albugínea, formados por túbulos seminíferos e envolvidos por uma lâmina basal, com proliferação de células germinativas e de sustentação na estação chuvosa. Na estação seca há uma evidente redução na atividade espermática. Os epidídimos são divididos em rede testis, ducto eferente e ducto epididimário. Eles apresentam, durante a estação chuvosa, epitélio do tipo pseudoestratificado estereciliado, enquanto na estação seca é caracterizado por epitélio cúbico simples não ciliado. Os ductos deferentes contínuos aos epidídimos, e revestidos por epitélio cilíndrico pseudoestratificado, havendo diferenças no plano estrutural das gônadas avaliadas entre as estações do ano. A morfometria do diâmetro tubular e luminal, e a altura epitelial dos testículos, do epidídimo apresentaram momentos cíclicos ao longo dos períodos estudados com as maiores médias na estação chuvosa, coincidente ao período reprodutivo. O ducto deferente apresentou estas mesmas medidas na estação seca, o que pode estar relacionado com a estocagem de espermatozoides. A testosterona mostrou nível de 937,74 ng/mL na estação chuvosa, e de 741,61 ng/mL na estação seca, havendo diferença significativa entre elas. Assim, conclui-se que nas estações estudadas e os dados apresentados sugerem que no jurará em ambiente natural há sazonalidade reprodutiva.