Avaliação de impactos ambientais no Lago Açu (Área de proteção ambiental da Baixada Maranhense e Sítio Ramsar com a aplicação de biomarcadores em espécies nativas

Abstract

O Lago Açu é o maior ambiente aquático do município de Conceição do Lago Açu na Baixada Maranhense. A pesca é uma atividade muito importante para a comunidade do município, no entanto, o lago Açu vem sofrendo impactos ambientais pela realização de diversas atividades antrópicas. O objetivo desse trabalho foi verificar se as atividades antrópicas estão comprometendo a qualidade do lago Açu, utilizando-se parâmetros integrados, com o uso de biomarcadores nas espécies Psectrogaster amazonica e Prochilodus lacustris, análise microbiológica e química da água. Três pontos distintos do lago Açu foram utilizados como área de estudo, um ponto central, um próximo à aglomeração municipal, e outro na margem oposta, com uma população de entorno menor. Realizaram-se duas coletas no período chuvoso e uma coleta no período seco entre 2017 e 2018. Um total de 49 peixes foi coletado. Fragmentos de brânquias e fígados seguiram em processamento de rotina para confecção de lâminas histológicas. Em laboratório, seguiu-se a análise microbiológica de coliformes totais e termotolerantes, e a análise química de metais da água. Identificaram-se alterações histológicas nos tecidos de brânquias e fígado pelo índice de alterações histológicas (IAH) e a identificação de micronúcleo e alterações nucleares em eritrócitos. Foi calculada a média e desvio padrão dos dados de coliformes, IAH, comprimento dos peixes. Os resultados demonstraram a presença de alterações histológicas nas duas espécies, em tecidos branquiais e hepáticos. O IAH indicou lesões moderadas para severas, severas e dano irreparável em tecidos branquiais de Prochilodus lacustris, e lesões de funcionamento normal, severas em brânquias de Psectrogaster amazonica, e de funcionamento normal em tecidos hepáticos de ambas as espécies, em geral, as lesões variaram entre os estágios I e III. As análises genotóxicas demonstraram a presença de micronúcleos e alterações nucleares nos eritrócitos das duas espécies, em todas as coletas, os indivíduos de maior comprimento ocorreram na segunda coleta. As análises microbiológicas mostraram alto valor para coliformes totais, e valores de coliformes termotolerantes dentro do limite da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (2011) para a pesca, mas, o limite está alterado para a classe de consumo humano. A análise de metais mostrou valores dos elementos Arsênio, Fósforo e Sulfeto em desacordo com a Resolução do CONAMA (2011). Os resultados das análises histológicas, genotóxicas, microbiológicas e físico-químicas da água indicam comprometimento do lago.